sábado, 26 de abril de 2008

Contemporâneos de um mundo sem tempo




Acredito que o ser humano é único. Cada casca é particular
e envolve uma luz também única e particular. Mas nós,
homens da Terra, temos mais semelhanças que corpo e
temperamento. Somos mais. Vamos além.

Assim, se, por alguma razão, pudéssemos compartilhar de
um mesmo olhar, de um mesmo sentimento, seríamos
contemporâneos? Pois não é o olhar que temos do mundo
a linha que nos separa de nossos antepassados, a marca que
nos diferencia de nossos descendentes?

E se tomássemos, para essa razão, o momento exato de nossa
existência neste mundo, marcado por hora, dia e mês. Então,
não seria pura coincidência a sensibilidade às cores e à doçura
do mundo daqueles nascidos no décimo quarto dia do décimo
primeiro mês.

Ou não compartilhamos sentimento e olhar, eu e Claude Monet?
Nos separam exatos 138 anos. Apenas.




Mas escuto-te, Maria

"Daqui, de minha arca, tateando
solto uma palavra ao mundo:
A palavra vai voando ...
E não volta. "

Dulce Maria Loynaz
Noé, Juegos de agua, 1947


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Ainda sobre silêncio e covardia


Que mal fará um menino
se não o de libertar o coração?

Não é o coração do homem
o pedaço de carne, de tempo
e de espaço em que é inerte
a força suprema do Estado?

Pois corações livres são hábeis.
E hábeis, libertam de tudo o coração.
Até mesmo de suas misérias.

"Não temas, Lhamo Dhondup
pois já libertartes o meu."

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sobre silêncio e covardia

Carta ao que se esconde no silêncio e se ilumina em
pele de Swayer


Se te calas, o coração palpita em meu peito. Sim,
cabe no silêncio mais que em qualquer palavra.
Mas sou espelho de teu julgamento, sou também
filho de Aristóleles. E se me negas minha identidade,
seja por orgulho ou cautela, és também filho da covardia.
Ilegítimo mas ainda filho aos olhos dos que pouco podem ver.

Vejo por teus olhos. Sou por teu olhar.
Se te calas, desfaço-me. Volto à poeira no ar.


Por humanos, votos e desejos






Sobre o tempo








quinta-feira, 17 de abril de 2008

De carne, osso e pirlimpimpim

"Então, fez-se humana
De carne, vida e sentimento
E desapareceu."

Fadas não duram pra sempre,
nem meninas duram pra sempre
Desaparecem com o tempo
e acordam sempre diferentes.

Mas fadas são fadas
E voltam a viver todos os dias
nos dias e noites de mãe
nos sonhos e pensamentos de mãe
que duram pra sempre
que se estendem pra sempre
e se renovam pra sempre
na ilusão de fazer de sua meninas
fadas que duram pra sempre.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

De mar, areia e espuma

Daqui, de onde vejo o mar
vejo também minha mocidade
vejo meu tempo
vejo meu descuido.

Daqui, de onde vejo o mar
vejo também minha alegria
marcando a areia
marcando à espuma.

Daqui, de onde me vejo
vejo também o mar
e minha alegria
marcando a areia
fazendo espuma.

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