domingo, 11 de maio de 2008

Florescer de eterno adeus




Andas
e já te vejo partir.

Falas
e a distância se mistura em ti.

Vestes
e o pedaço que outrora
seria de vívida cantante
já pressente e o ancora
no quando te conheci.

Eras anjo de azul cristalino
com olhos de diamante
tábula rasa é nada, é fábula
pois é longínquo meu carinho
e nós de muito dantes.

Mas o florescer da partida
que tuas descobertas aninha
anuncia que é chegada tua hora
voa andorinha minha
que a vida é sorte, é sina
e tua glória repousa em minh'alma.


Um comentário:

Swayer disse...

O admirável espanto diante do crescimento dos filhos é em parte explicado por uma razão bem simples: é uma constatação de que o tempo passou. Isso é simples de entender, embora não seja, nem de perto, o ponto mais importante. A grande dor não é essa. Desde o nascimento vivemos ultrapassando limites emocionais, físicos e financeiros, para garantir a felicidade da criança. Toda a imensa complexidade do viver se sintetiza de uma maneira simples e transcendental: “este é o sentido do meu ser”. De repente, nos vemos excluídos e impotentes, pois, se não há leite a se dar nem fraldas a se trocar, os esforços para aliviar a dor do filho serão inúteis, e assim também será simplicidade encontrada para o viver. No fundo, o que está em jogo é a sensação de começar a perder o controle sobre a vida dos filhos e da nossa própria. Nessa alfabetização amorosa, todos se confrontam com um misto de emoções novas e precisamos nos sentir acolhidos para poder acolher.

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